Não ah ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o amor toma conta dele;

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012


   «Ciúmes»

 Ela estava a escrever mais um dos seus textos.
   - « Ele vem aí , está a poucos metros de distancia »- disseram aquelas vozes que ela ouvia.
 Ela ignorou-as e continuou a escrever o seu texto.
   - O que estas a fazer ?- perguntou ele depois de-lhe dar dois beijos.
   - Estou a fazer um texto...
   - Um daqueles que escreves e não me deixas ler ?- perguntou interrompendo-a.
   - Sim , é um desses textos. Mas este vais poder ler , podes ficar surpreendido com o que aqui está escrito... - avisou-o.
   - Vindo de ti , já nada me surpreende. Já acabas-te  de o escrever? - estava curioso. No meio de três pastas, com centenas de textos aquele seria o primeiro e muito provavelmente o último, que ele iria ler.
   - Sim, já acabei , queres ler agora ou quando chegar-mos a casa ?
 Eles estavam no pavilhão da escola.
   - Pode ser agora! - respondeu com um sorriso no rosto , sem grande preocupação em disfarçar o entusiasmo.
   - Toma... - deu-lhe a folha onde o texto tão desejado estava escrito.

Texto:

« Ciúme

     Não gosto de ser ciumenta sabes?
    Mas não o consigo evitar , já tentei deixar de o ser mas... não consigo.
      Vê os ciúmes como uma declaração de amor , pelo menos é assim que penso que sejam.
      Ver-te a ser abraçado por elas , e não poder fazer nada , dá-me raiva , não de ti mas sim , delas. Quero ser eu a abraçar-te, quero ser eu a segredar-te ao ouvido " Amo-te..."
Desculpa... mas sou assim , ciumenta.
O meu ciúme é uma das minha formas de te dizer que te amo. »    


      - Já leste ? - perguntou ela.
       - Sim , já li ... - o sorriso , tinha desaparecido.
       - Então ? - ela estava a começar a ficar nervosa.

Ele levantou-se do banco e pôs-se de pé sobre a mesa , pegou na mão dela para a ajudar a subir.
 Sem mais nem menos , ele gritou :
  
        - HEY!- ficaram todos a olhar para ele - É SÓ...
        - Cala-te ... - pediu ela , envergonhada.
  
Ele ignorou-a e continuou:

         - É SÓ PARA VOS DIZER QUE EU AMO ESTA RAPARIGA , QUE ESTÁ AQUI AO MEU LADO !!!
    
  Ela corou. Depois de ele acabar de gritar , passados uns cinco segundos ouviram-se aplausos , assobios e gritos.


         - Eu amo-te minha menina ciumenta...
         - «Ele ama-te !»-  disseram as vozes , quase que esquecidas da sua existência.
         - Eu sei que me amas ... meu tolo! - disse ela devagar.
         - E tu ?
         - Eu, o quê ?
         - Tu amas-me ?- perguntou ele com medo da resposta que poderia ouvir.
  Ela abraça-o e pergunta-lhe ainda agarrada a ele :
         - Agora como gostarias que eu te dissesse que eu te amo ?
         - Não sei , surpreende-me , por muito difícil que seja. 
         - Umas vez disseste-me que a minha timidez nunca me deixaria , gritar por ti.
         - Sim , mas o que é que isso...
         - HEY !!! VOCÊS QUE O OUVIRAM A GRITAR !!! TAMBÉM TENHO UMA COISA PARA VOS DIZER ...  ESTE RAPAZ BONITO QUE AQUI ESTÁ A OLHAR PARA MIM NESTE MOMENTO , COMPLETAMENTE SURPREENDIDO POR EU ESTAR A FAZER ESTAS FIGURAS , É MEU E EU AMO-O - ela tinha um grito bastante grave - OUVIRAM ?! EU AMO-O!!!
  
  Agora os assobios ,os gritos e os aplausos , foram de imediato. Um grupo de rapazes que estava a jogar as cartas gritou :

          - BEIJA-A !!!
De seguida um grupo de raparigas :
 
          - BEIJA-O !!!

Depois de tantos gritos eles sussurraram ao mesmo tempo um para o outro:

          - Beija-me...

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