Não ah ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o amor toma conta dele;

sábado, 3 de novembro de 2012



 - Uma história que não continua...

 Esta até poderia ser uma história daquelas felizes, mas não é.
Ele estava confuso , tinha desistido dos seus sonhos, muita coisa tinha mudado e tudo tão depressa...
  Ele era um rapaz brincalhão, amigo, popular, simpático, teimoso, determinado, apaixonado, sonhador, verdadeiro, mas de repente esse rapaz morreu e passou a ser um rapaz com um olhar sombrio, cheio de medos , que perdera toda a sua coragem num estalar de dedos, que tratava mal todos os seus amigos , todos aqueles que amava.
 Ele era alto, tinha cabelo castanho e os olhos azuis, tinha um sorriso encantador , mas esse... já há muito que não se via.
 Os pais divorciaram se , e a irmã mais nova morrera o mês passado , atropelada , e tinha apenas quatro anos.
Ela era a sua irmã querida , era a única que tinha.
A mãe passava o dia a trabalhar , o pai era alcoólico. Cada vez que chegava a casa ia para o antigo quarto da irmã , era um "quarto de princesa", como ela costumava  dizer.
 Ele deitou-se na cama dela, pegou na sua boneca preferida, a Lili, apertou-a entre as suas mãos e ouviu-se uma gravação: " Adoro-te".
  Um mar de lágrimas eternas apareceu , ele não aguentava mais. Começou a consumir drogas, a fumar e a beber, como o pai. A mãe nem dava por nada, pois a primeira coisa que fazia quando chegava a casa , deixar mais dinheiro na bancada da cozinha, ir tomar banho e voltar a sair , para ir ter com o novo namorado rico.
 A droga e o álcool , já não apagavam a dor da solidão.

Foi há praia , aquela onde a mãe lhe dissera, á quatro anos atrás , que iria ter uma irmã. Recordou todos saltos e gritos de alegria , que soltou com a novidade já a tanto desejada. Estava na falésia olhou para o céu azul e disse:
" Inês, espera só mais um pouco, eu vou ter contigo agora, adoro-te mana... "
Retirou tudo o que tinha nos bolsos , e atirou-se da falésia. Foi o seu fim.

« ... »   

Antes de sair de casa deixou um bilhete há mãe.

« Mãe, eu adoro-te, acho que sabes disso.
   Desculpa, o sofrimento que te vou causar, mas eu já não aguentava mais.
Desde que a Inês morreu tem sido muito difícil para mim , tenho saudades dela , e da minha antiga família...
Sabes que te amo muito.
Adeus...
Luís »